Primeiro longa-metragem protagonizado por uma atriz surda vai para festival de cinema em Fortaleza
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Fonte: Beija Flor Filmes. |
O longa-metragem “Nem Toda História de Amor Acaba em Morte”, do diretor Bruno Costa, foi selecionado para o 19º For Rainbow - Festival de Cinema e Cultural da Diversidade Sexual e de Gênero. O filme integra a Mostra Competitiva Internacional de Longas-Metragens e tem exibição no dia 24 de agosto, às 19h, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza - CE.
A produção é o primeiro longa-metragem nacional protagonizado por uma atriz surda. Gabriela Grigolom dá vida à personagem Lola, uma jovem negra e surda que se comunica por meio da língua brasileira de sinais e luta para manter sua companhia de teatro ativa. Ela se envolve em um romance inusitado com a professora de sua filha, dando início a uma jornada amorosa em que terão que superar alguns obstáculos para poder viver esse relacionamento em paz.
“‘Nem Toda História de Amor Acaba em Morte’ é uma comédia dramática leve e divertida, que valoriza a arte do amar e que apresenta ao público novas possibilidades do amor, levando muita representatividade para a tela e também fora dela”, comenta o cineasta Bruno Costa, responsável também por “Mirador” e pela coedição da série “Cidade de Deus: A Luta não Para”, ao lado de Aly Muritiba.
O longa contou com mais de 30 figurantes surdos e sete atores também surdos que atuaram com Gabriela. Para que o set de filmagem se tornasse um lugar sem barreiras, o intérprete de Libras e consultor Jonatas Medeiros, que também atuou como assistente de direção, auxiliou no processo de construção de uma comunicação plural e inclusiva. Medeiros é também um dos fundadores da Fluindo Libras, grupo de tradutores ouvintes e surdos que promove a Língua de Sinais Brasileira, a arte cinematográfica e o teatro, promovendo soluções de entretenimento ao público surdo, como a Mostra Surda do Festival de Teatro de Curitiba.
Bruno Costa ainda reforça o seu papel na luta pela representatividade surda no cinema. “Esse é um filme feito para todos, principalmente para a comunidade surda. Desde o início do processo, tínhamos em mente que a produção não se tratava apenas de acessibilidade, mas de representatividade. Por isso, a nossa tradução em libras tem diversos diferenciais, como intérpretes para cada uma das personagens, respeitando idade, gênero e tom de pele. Além disso, os intérpretes vestem os mesmos figurinos dos atores e suas posições em tela também seguem as dos atores em cena, e não apenas de um lado da tela como tradicionalmente é feito. É uma questão de respeito com o público surdo e de linguagem, de integrar a interpretação em libras à estética do filme, trazendo assim uma nova e mais profunda experiência com o filme, e não apenas para surdos, mas também para ouvintes."
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Fonte: Beija Flor Filmes. |
“Nem Toda História de Amor Acaba em Morte” traz Sol, vivida por Chiris Gomes, uma professora de meia idade que se vê infeliz com seu casamento e sua vida em geral. Ela comunica ao então marido, Miguel (Octávio Camargo), que a relação acabou. Eles seguem morando juntos na mesma residência, porém em quartos diferentes, até que as coisas se encaminhem para cada um. Sol conhece Lola (Gabriela), mãe de uma de suas alunas, a pequena Maya (Sophia Grigolom), criando uma conexão única logo de início. Sol, que tinha um irmão surdo, é uma das poucas pessoas da instituição que se comunica facilmente com Lola, criando um relacionamento que vai além dos muros da escola.
Lola passa a frequentar a casa de Sol, criando uma inusitada convivência com o ex-casal, em que eles terão que aprender a se respeitar e superar o orgulho individual. Além disso, Gabriela Grigolom também apresenta em cena as dificuldades de comunicação do cotidiano de uma pessoa surda em uma sociedade não inclusiva, assim como os preconceitos sofridos não só pela surdez, mas também pela homofobia.
Assista ao trailer: https://www.youtube.com/watch?v=P6sOohuzLZU
No 19º For Rainbow - Festival de Cinema e Cultural da Diversidade Sexual e de Gênero, “Nem Toda História de Amor Acaba em Morte” concorre aos prêmios de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Interpretação Masculina, Melhor Interpretação Feminina, Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte, Melhor Som, Melhor Trilha Sonora e Melhor Edição. Além disso, o ganhador de Melhor Filme leva também um prêmio de R$10 mil.
A edição do festival, que ocorre de 22 a 29 de agosto, celebra o Mês da Visibilidade Lésbica, valorizando a expansão simbólica das mulheres dissidentes, e traz o tema “Visíveis e Infinitas”, com uma identidade visual que simboliza a liberdade de existir, sentir e amar. A programação do evento é inteiramente gratuita e ainda reúne shows, teatro e oficinas. Mais informações no site oficial: https://forrainbow.com.br/.
Fonte: Tip Mídia
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